Primeiro voo para fora do ninho, o que foi para mim morar sozinha!

Quando entrei na universidade, deixei minha espaçosa e movimentada casa em São Paulo e desde fevereiro moro na minha querida kitnet em Florianópolis.
Hoje eu voltei pra casa depois de uma apresentação que fiz na facul, cheguei e não tinha ninguém pra contar como que tinha sido. E quando nem minha família nem meu namorado atendem ao telefone, ai que eu não tenho ninguém mesmo.
Ah, quantas vezes eu já não chorei de solidão, ou quantas horas eu não fiquei no skype para parecer que tinha mais gente comigo. Pra você que pensa em morar sozinho, eu aviso, não será fácil, não mesmo.
Tirando a solidão, tem a louça suja, tem a comida, tem o banheiro pra lavar, a cama pra fazer, o chão pra limpar, as roupas pra lavar, as compras do supermecado, que alias são engraçadas, eu nunca tinha comprado um detergente, e bom mais mil coisas que eu nem percebia que alguém fazia por mim.

Alias, essa foi uma grande lição que eu estou levando pra minha vida, aprender a valorizar as coisas. Hoje eu não entro mais de sapato em casa, nem deito na cama com a roupa suja... eu sei que sou eu que terei que limpar depois. Eu valorizo muito mais um almoço depois que vi o trabalho que da cozinhar, e julgo muito menos uma casa bagunçada ou uma comida má temperada.  Admito que eu mal sabia fazer um arroz...
Uma coisa engraçada é que eu me pego falando sozinha, eu me dou boa noite e bom dia, porque afinal, não tem ninguém mais pra fazer isso. Também é engraçado que eu só percebo que estou rouca quando saio de casa e falo com alguém. E nesse caso, coitado dos meus amigos, que precisam escutar tudo aquilo que eu não falei durante todo dia.

Bom, vou aproveitar o momento para dar um conselho para as universidades. No primeiro ano deveria existir uma matéria chamada “vida adulta”. Nela ensinariam a pagar contas, marcar medico, ir no cartório, fazer documentos e todas aquelas coisas chatas que nossos pais faziam pra gente. Bom, por outro lado, eu não moro sozinha porque eu não gosto, como diria meu professor de microeconomia, isso não seria racional, também existem os lados bons.
Aqui as coisas acontecem do meu jeito, e não tem ninguém pra opinar, apenas meus variados eu, que de vez em quando acordam no pique de fazer faxina, ou de vez em quando fazem a bagunça do ano.
Outro ponto é que junto com a responsabilidade tem a liberdade. Eu saio e volto de casa a hora que eu quiser, eu gasto o dinheiro como eu quiser, resumindo eu não tenho que prestar contas a ninguém, finalmente sinto que a vida é  realmente minha.
E o interessante é que apesar de não ter mais ninguém mandando eu ir pra aula, eu vou todos os dias, não tem ninguém dizendo pra eu acordar, eu acordo mesmo assim. Ninguém dizendo o que eu devo e não devo comer mas eu procuro me alimentar bem, nem controlando como eu gasto o dinheiro, e eu economizo. Enfim, o que eu quero dizer, não é que eu sou perfeita, mas que agora eu percebi que todas essas coisas são pra mim, e pra mais ninguém, então eu farei do melhor jeito possível.
E pra finalizar um pensando em que eu tive assim que me mudei... Se eu estou sozinha, porque eu ajo tão normal? Eu achava que na ausência de público as pessoas eram mais interessantes, mas a única coisa que mudou é que agora eu ando só de calçinha pela casa.
Tatá. 2015, Florianópolis.

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